sexta-feira, janeiro 11, 2008

 

A Bola


Encaixotei mais uma centena de brinquedos, entre os quais, duas bolas. E deixei mais nove caixotes no local do costume.

Sempre que estou de volta do material que se recolheu para enviar para a Guiné e me aparece uma bola, recordo uma história que por lá vivi... Hoje conto-vos!

Numa das viagens a Portugal, talvez na paragem lectiva da Páscoa, e aquando da promessa das típicas amêndoas da época, uma das turmas pediu que levasse uma BOLA. Tenho a sensação que podia ser qualquer bola... de futebol, de basquetebol, de râguebi... Mas eu levei de futebol, para que pudessem jogar no recinto aberto (que é todo! Tanto o espaço de recreio como as salas de aula!).

Acabei por ser intermediária de pessoas que quiseram oferecer as bolas - três para as três turmas que tinha!
Ainda me lembro de estar no aeroporto com um grande saco da conhecida loja de desporto onde foram compradas, um volume relativamente jeitoso e pouco funcional!!!!

Um sucesso!!!! As bolas foram recebidas, a par das amêndoas, mas tiveram atenção especial!! O protagonismo foi todo do objecto redondo, não fosse o futebol, sempre e em todo o lado, capaz de mover multidões...

Alguns dias depois da euforia que a oferta da bola motivou, eis que surge um problema: cada turma tinha cerca de 44 alunos e o objecto era só um. E não, não dava para pensar só nos rapazes porque, em falta de outro entretem, também as raparigas queriam a bola para si.
O Delegado de Turma pediu a palavra para expôr a dificuldade que estavam a ter para dividir a oferta entre todos... Fosse o tempo em que cada um ficava com a redondinha em casa, fosse decidir quem ficaria com a bola num futuro que se previa...

Não dá para acreditar, mas aconteceu!!! Mesmo eu, que bem ouvi, ainda ponho algumas reservas relativamente à minha sanidade nesse momento...
A proposta era simples: cortar a bola aos bocadinhos, para que cada aluno ficasse com uma parte daquele simples objecto, que vemos aos pontapés aí pela rua, mas que era importante para aqueles jovens!!

Como devem imaginar, eu não subi paredes porque a sala não as tinha! Mas passei-me!!! E hoje tenho quase a certeza de, dadas as circunstâncias, a exaltação me ter feito falar tão rápido que nenhum aluno deve ter percebido o que eu para ali praguejava. Perceberam que, decididamente, não tinham tido uma grande ideia...

Não me recordo como se decidiu o problema!
Sei que propus que me trouxessem a bola mas ela nunca me parou nas mãos...
E percebo hoje que o objecto em si não era tão importante assim, talvez o facto de cada um poder ter um bocadinho de qualquer coisa só seu sim, tivesse importância máxima!!! :))

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